Entre os dias 25 e 27 de abril, decorreu na Universidade do Algarve, Campus de Gambelas, o Festival
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Participação no Festival do NEBUA 2025

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Achados de necrópsia: “Surpresas” no estômago de um golfinho-roaz
A dieta do golfinho-roaz (Tursiops truncatus) é muito variada e depende da disponibilidade de presas
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Necrópsia de fêmea gestante
O dia de ontem foi marcado pela realização de mais uma necrópsia, nos laboratórios da RAAlg.
O animal em causa deu à costa na Ilha da Armona, no passado sábado, sendo posteriormente encaminhado para as instalações da RAAlg, com o apoio da Polícia Marítima de Olhão.
Tratava-se de uma fêmea golfinho-comum (𝘋𝘦𝘭𝘱𝘩𝘪𝘯𝘶𝘴 𝘥𝘦𝘭𝘱𝘩𝘪𝘴), com aproximadamente 2m de comprimento total e 100Kg de peso.
A mesma encontrava-se em fase de gestação, sendo o feto, um macho, com 0,445m e 1,2Kg.
Através da sua análise externa foram encontrados indícios de interação com pescas, nomeadamente: marcas de redes (no bico, barbatanas peitorais e barbatana dorsal), marcas de cabos (em redor do corpo e no pedúnculo caudal), e ainda a existência de um corte profundo no pedúnculo caudal.
Internamente, além de algumas lesões ao nível de alguns dos seus órgãos, as quais carecem de maior investigação, foi registada ainda a presença de conteúdo alimentar no estômago e de uma presa, resultante de regurgitação, no esófago. Devido ao facto de se encontrar ainda por digerir, o conteúdo alimentar foi possível de identificar, sendo este maioritariamente constituído por sardinhas, uma das presas favoritas dos golfinhos. Todos estes factos são condizentes com uma possível morte traumática por captura acidental, em pescas.
Gostaríamos de agradecer a todos os intervenientes na resposta a este arrojamento, em especial ao piquete da Polícia Marítima de Olhão, pelo incansável apoio no terreno.

Golfinho à deriva na barra de Portimão
Na tarde de sábado, 1 de março, recebemos a informação que se encontrava à deriva, um golfinho morto, próximo da barra de Portimão.
O alerta chegou através de um pescador que navegava no local, o qual prontamente se disponibilizou para transportar o animal para terra, para que pudesse ser analisado.
No mesmo dia, o animal foi recolhido pela nossa equipa, nas instalações do Porto de Apoio Naval de Portimão, local para o qual foi rebocado.
Tratava-se de um golfinho-comum (𝘋𝘦𝘭𝘱𝘩𝘪𝘯𝘶𝘴 𝘥𝘦𝘭𝘱𝘩𝘪𝘴) macho, de 217 cm de comprimento total e 86,85 Kg de peso. Apesar de apresentar já algumas falhas na epiderme, o animal apresentava um estado decomposição moderada, o que tornou possível uma análise rigorosa e uma amostragem completa em laboratório. Além de uma carga parasitária elevada no pulmão e de algum líquido nas cavidades torácica e abdominal, não foram registadas quaisquer lesões, tanto a nível interno como externo, que nos permitissem tirar conclusões quanto à causa de morte.
Este foi o décimo cetáceo registado para a costa algarvia, desde o início do ano.
Gostaríamos de agradecer ao pescador que deu alerta e nos fez chegar o animal, ao piquete da Polícia Marítima de Portimão por todo o apoio de logística e resolução célere desta ocorrência, e ainda, à equipa do Porto de Apoio Naval de Portimão, pelo auxílio nas manobras de remoção do animal da água.

Manipulação de golfinhos mortos
Na passada terça-feira, 18 de fevereiro, foram registados os arrojamentos de três golfinhos comuns (Delphinus delphis), em localizações distintas da costa algarvia. Todos os animais apresentavam marcas externas compatíveis com captura acidental em artes de pesca-a principal causa de morte destes animais em todo o mundo, incluindo Portugal.
A sobreposição do habitat dos cetáceos e áreas de pesca representa um desafio complexo, que cientistas e pescadores têm procurado mitigar em conjunto, através do desenvolvimento de soluções adaptadas a cada pescaria.
Além de lacerações e abrasões provocadas por cabos e redes de pesca, dois dos animais apresentavam evidências de manipulação humana, nomeadamente barbatanas amputadas e remoção de tecido muscular.
A amputação de barbatanas, visível em alguns dos golfinhos resultantes de arrojamentos, é um procedimento frequentemente usado pelos pescadores aquando da captura acidental. Esta prática é usada com o animal morto, de forma a facilitar a sua remoção das redes, evitando a danificação profunda das mesmas e reduzindo, consequentemente, os prejuízos económicos.
Por vezes são também detetados animais arrojados com ausência de pedaços de tecido muscular, nomeadamente na região lombar. Embora a carne de golfinho tenha sido, em tempos, consumida em algumas zonas piscatórias em Portugal (Continental e Ilhas) ou usada como isca para a pesca de grandes peixes pelágicos (tubarões e atuns), este tipo de práticas é hoje ilegal. Acreditamos que o uso da carne de golfinho para consumo tenha caído em desuso, não só por questões legais, mas também associado aos elevados níveis de metais pesados existentes na carne destes animais. No entanto, o uso para isca pode ainda ocorrer em alguns casos.
Aliado ao facto de ser um ato eticamente condenável, é visualmente chocante encontrar um golfinho arrojado na praia, nestas condições.
Importa referir também que é expressamente proibida a manipulação de espécies protegidas, como é o caso dos cetáceos e das tartarugas-marinhas, bem como a posse de qualquer parte dos mesmos (dentes de golfinho, barbas de baleia, carapaças de tartaruga, pedaços de musculo ect). Todos estes atos são considerados “crime”, sendo puníveis por lei.
A consciencialização e o cumprimento da legislação são essenciais para proteger estas espécies e promover uma coexistência mais sustentável entre a atividade piscatória e a conservação da biodiversidade marinha.
