A contaminação dos oceanos por resíduos de plástico, é uma das principais ameaças para a vida
News

Ingestão de plástico por tartarugas-marinhas

Visita de grupo de investigação chinês às instalações da RAAlg
No final de abril, a Associação para a Conservação da Vida Aquática do Boto do Yangtzé de Nanjing

Participação na 36ª Conferência da European Cetacean Society
Na passada semana, o nosso coordenador de terreno e aluno de doutoramento, Jan Hofman, marcou
Outras notícias
Participação no Festival do NEBUA 2025
Entre os dias 25 e 27 de abril, decorreu na Universidade do Algarve, Campus de Gambelas, o Festival do Nebua 2025!
O evento foi marcado pela realização de várias palestras e workshops, na área da biologia e biologia marinha e contou com a participação de vários oradores.
A RAAlg marcou presença no primeiro dia do evento, dinamizando um workshop teórico-prático intitulado “Rede de Arrojamentos do Algarve: CSI dos cetáceos e das tartarugas-marinhas”.
Os participantes tiveram a oportunidade de conhecer o trabalho da RAAlg, bem como de aprofundar o conhecimento sobre algumas das espécies de cetáceos que frequentam a nossa costa. Num contexto mais prático, puderam também explorar algumas das amostras que fazem parte do “museu” e banco de tecidos da RAAlg, e ainda de participar na resolução de alguns casos de estudo do nosso CSI, preparados para o efeito.
Gostaríamos de agradecer ao NEBUA pelo convite para divulgarmos o nosso trabalho, e a todos os participantes pelo interesse e entusiasmo em participar nas atividades propostas.

Achados de necrópsia: “Surpresas” no estômago de um golfinho-roaz
A dieta do golfinho-roaz (Tursiops truncatus) é muito variada e depende da disponibilidade de presas no seu habitat, sofrendo adaptações de acordo com o ambiente marinho onde se encontra.
São animais carnívoros, cuja alimentação é feita à base de peixes (tainhas, carapaus, sardinhas, anchovas, enguias, corvina, cavala, entre outros) e cefalópodes (lulas, chocos e polvos), podendo ainda incluir os crustáceos (caranguejos e camarões), em menor dimensão.
Apesar de poderem apresentar diferentes estratégias de caça cooperativa, formando grupos, onde coordenam movimentos para encurralar os cardumes de peixes, são animais oportunistas alimentando-se frequentemente por depredação dos peixes que ficam presos nas redes de pesca. Para além dos prejuízos económicos e ecológicos para as comunidades pesqueiras, os riscos para os golfinhos são evidentes e podem ser fatais.
As imagens acima correspondem ao conteúdo estomacal de um golfinho-roaz, cujo arrojamento foi registado no dia 9/04, na Praia do Barril, em Tavira. Tratava-se de um macho com aproximadamente 3 metros, e com vários indícios compatíveis com uma captura acidental em pescas.
Além de uma grande quantidade de alimento encontrado no trato digestivo, muito ainda por digerir, o estômago continha em grande novelo formado por fragmentos de redes de diferentes dimensões, resultado de vários episódios de depredação, nos quais o que foi ingerido nem sempre foi só peixe.
Sendo uma forma bastante fácil de obtenção de alimento, a depredação pode tornar-se uma opção bastante atrativa, principalmente para animais mais velhos e mais sedentários.
Estimamos que o conteúdo alimentar total tivesse aproximadamente 30 kg, nos quais constava alimento por digerir (peixes e lulas), um novelo de redes que envolvia ossos e otólitos de peixe e bicos de cefalópodes, e ainda uma grande quantidade de alimento ainda em processo digestivo.
Toda a informação recolhida através da análise deste (e outros) conteúdo estomacal, será utilizada em estudos de ecologia alimentar.
Agradecemos à Taviraverde - Empresa Municipal de Ambiente E.M., pelo apoio dado no terreno, na resposta a este arrojamento!

Arrojamento de baleia-anã na Praia da Mareta (Sagres)
No passado dia 4/04, foi registado o arrojamento de uma baleia-de-barbas da espécie Balaenoptera acutorostrata, mais conhecida como baleia-anã.
O animal, uma fêmea de 4,33m de comprimento total, foi detetado já sem vida, encalhado numa zona rochosa da Praia da Mareta, em Sagres.
Foram de imediato acionados os meios para a sua remoção e sucessiva análise, da forma mais célere possível, tendo em conta tanto as características do animal como do local do arrojamento.
Além das marcas evidentes do embate nas rochas, foram detetados, ao longo do corpo do animal, alguns sinais de interação interespecífica (interação com outras espécies), tais como marcas de dentes de golfinho.
Apesar de aparentar uma morte recente, dadas as condições externas do cadáver, a necrópsia revelou a autólise avançada* dos seus órgãos internos, inviabilizando a amostragem dos mesmos, para análise futura. O estômago foi também analisado, não sendo registada a presença de qualquer conteúdo.
Embora não tenha sido possível tirar conclusões acerca da causa de morte, o levantamento de informação acerca deste arrojamento, bem como e seu registo fotográfico, registo de biometrias, necrópsia e amostragem de tecidos e órgãos, fornecem informações bastante importantes e complementares ao conhecimento da espécie.
A baleia-anã é a espécie de baleia-de-barbas mais abundante ao largo da nossa costa, sendo também aquela que tem registado o maior número de arrojamentos ao longo dos anos. Este foi o primeiro registo de arrojamento desta espécie, para a costa algarvia, este ano.
Para saberes mais sobre esta e outras espécies frequentes na nossa costa, consulta a página da RAAlg em www.raalg.pt!
A rápida autólise em cetáceos de grande porte é um fenómeno bastante relatado que ocorre devido a fatores como a elevada temperatura interna e a grande quantidade de tecido adiposo. Esta condição compromete grandemente a realização de uma análise coerente e a determinação da causa de morte. A acumulação de gases resultantes do processo de autólise pode ainda levar à explosão do corpo, se não for manuseado com cuidado e tomando as devidas precauções.
